Eu sou um paradoxo: gosto de ter uma vida profissional, mas sinto falta de ter mais mãe.
Acordo, tomo um banho rápido, consulto o relógio, preparo a mamadeira, ofereço ao Dudu, chamo o marido, consulto o relógio, me troco, consulto o relógio, acordo o Dudu e o levo pro banho, consulto o relógio, termino de me trocar, preparo o lanche da escola, verifico a mochila, confiro o uniforme, troco o Dudu, consulto o relógio, apresso o marido, entramos no carro, consulto o relógio. #Tudo isso foi feito em 30 minutos.
Marido me deixa no meio do caminho e corro para pegar o ônibus. Chego às 08h. Atendo milhares de condôminos. Respondo inúmeros e-mails. Me envolvo em vários projetos, em vários assuntos. Sou uma supervisora faz-tudo. Saca? Desde atendimento ao RH. Uma loucura!
Meu expediente deveria terminar as 17h48 (horário mais estranho, não é mesmo?), mas muitas vezes se estende até às 23h (sim, isso já aconteceu por várias vezes).
E o meu filho?
Marido leva e busca o Dudu pra escola. É ele que conversa com as professoras e coordenadoras a respeito do comportamento e desenvolvimento dele. E eu fico sabendo através do marido ou da agenda escolar. Para passarmos mais tempo juntos, Marido às vezes me pega no trabalho (quando consigo sair no horário), mas aí o Dudu fica irritado por ficar tanto tempo no carro (e no meio do trânsito), chora e chora até cansar, e dorme. Chegamos em casa e o carregamos até a cama, trocamos sua roupa, damos a mamadeira e ele dorme até o dia seguinte.
Pois é, só consigo melhor curtir meu filho aos finais de semana. Só que junto a isso tenho que dar conta da casa, da roupa, da alimentação do Dudu (porque a nossa fica para segundo plano sempre), do supermercado e de descansar um pouco.
Estou cansada, muito cansada. E me culpo por não ser tão presente na vida do meu único filho. É claro que essa distância provoca afastamento entre nós e muitas vezes ele prefere o pai à mim. A culpa é minha, é claro. Marido fica mais perto, participa e tem mais paciência que eu que luto contra o tempo para dar tempo de fazer tudo.
Dudu está mais birrento e chorão. A palavra "não" é pronunciada por ele várias vezes ao dia. E muitas vezes é direcionada pra mim. Eu me culpo. Me culpo muito por tudo isso.
Socorro: eu quero férias! Eu que ter a possibilidade de criar meu filho. De acompanhar seus melhores anos!